02 de Maio de 2016
João 15,26-16,4a
“Quando vier o Paráclito, que vos
enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará
testemunho de mim. Também vós dareis testemunho, porque estais comigo
desde o princípio. Disse-vos essas coisas para vos preservar de alguma
queda. Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que todo aquele que
vos tirar a vida julgará prestar culto a Deus. Procederão deste modo
porque não conheceram o Pai, nem a mim. Disse-vos, porém, essas palavras
para que, quando chegar a hora, vos” lembreis de que vo-lo anunciei.
Entendendo
JESUS CONSCIENTIZA SEUS
DISCÍPULOS QUANTO A VIOLÊNCIA
QUE ELES SOFRERÃO
Aproxima-se a Festa de Pentecostes, e
Jesus vai dando pistas e aprofundando o conhecimento sobre o Espírito Santo,
última revelação explícita de Deus à humanidade. Primeiro foi a revelação do
Pai, em seguida Ele enviou o Filho e, por último, o Espírito Santo.
O Espírito não anuncia a si mesmo, mas dá
testemunho de Jesus Cristo. A comunidade é chamada a também utilizar a força do
Espírito. Jesus marca o compromisso em um local determinado – Jerusalém - onde
os discípulos deverão receber a força que conduzirá ao testemunho de vida: “...
permaneçam em Jerusalém até receberem a força do alto, o Espírito Santo, então
sereis minhas testemunhas” (At 1,8).
Mergulhados em completa ignorância, Jesus
anuncia que os judeus poderão até matar os seus seguidores, julgando fidelidade
e defesa ao deus que eles dizem acreditar. A razão da violência permanece a
mesma: falta de conhecimento do Pai e do Filho; imagem equivocada de Deus e de
seu projeto; dureza de coração.
Atualizando
OUTRO OLHAR SOBRE A VIOLÊNCIA
NO BRASIL
A violência se manifesta por meio da tirania,
da opressão e do abuso da força. Ocorre do constrangimento exercido sobre
alguma pessoa para obrigá-la a fazer ou deixar de fazer um ato qualquer.
Existem diversas formas de violência, tais como as guerras, conflitos
étnico-religiosos e banditismo.
A violência, em seus mais variados
contornos, é um fenômeno histórico na constituição da sociedade brasileira. A
escravidão (primeiro com os índios e depois, e especialmente, com a mão de obra
africana), a colonização mercantilista, o coronelismo, as oligarquias antes e
depois da independência, somados a um Estado caracterizado pelo autoritarismo
burocrático, contribuíram enormemente para o aumento da violência que atravessa
a história do Brasil.
Diversos fatores colaboram para aumentar
a violência, tais como a urbanização acelerada, que traz um grande fluxo de
pessoas para as áreas urbanas e assim contribui para um crescimento desordenado
e desorganizado das cidades. Colaboram também para o aumento da violência as
fortes aspirações de consumo, em parte frustradas pelas dificuldades de
inserção no mercado de trabalho.
Por outro lado, o poder público,
especialmente no Brasil, tem se mostrado incapaz de enfrentar essa calamidade
social. Pior que tudo isso é constatar que a violência existe com a conivência
de grupos das polícias, representantes do Legislativo de todos os níveis e,
inclusive, de autoridades do poder judiciário. A corrupção, uma das piores
chagas brasileiras, está associada à violência, uma aumentando a outra, faces
da mesma moeda.
As causas da violência são associadas, em
parte, a problemas sociais como miséria, fome, desemprego. Mas nem todos os
tipos de criminalidade derivam das condições econômicas. Além disso, um Estado
ineficiente e sem programas de políticas públicas de segurança, contribui para
aumentar a sensação de injustiça e impunidade, que é, talvez, a principal causa
da violência.
A violência se apresenta nas mais
diversas configurações e pode ser caracterizada como violência contra a mulher,
a criança, o idoso, violência sexual, política, violência psicológica, física,
verbal, dentre outras.
Em um Estado democrático, a repressão
controlada e a polícia têm um papel crucial no controle da criminalidade.
Porém, essa repressão controlada deve ser simultaneamente apoiada e vigiada pela
sociedade civil.
A solução para a questão da violência no
Brasil envolve os mais diversos setores da sociedade, não só a segurança
pública e um judiciário eficiente, mas também demanda com urgência,
profundidade e extensão a melhoria do sistema educacional, saúde, habitacional,
oportunidades de emprego, dentre outros fatores. Requer principalmente uma
grande mudança nas políticas públicas e uma participação maior da sociedade nas
discussões e soluções desse problema de abrangência nacional.
Orson Camargo
Mestre em Sociologia pela UNICAMP
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